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sábado, maio 10, 2014

Eurozone testing the limits of divergence 2000- 2014

Curiosamente   “Eurozone Crisis Tests the Limits of Divergence” continua a ser o artigo mais visto deste blog PPP Lusofonia, depois de 3 anos, o que nos leva  a investigar o que se vai dizendo sobre  “Euro divergence” pela Internet dentro.  
O objectivo que importa, e de que mais se falava há 30 anos quando da adesão à Comunidade Europeia,  é a convergência de rendimentos, de PIB per capita.   Mas nisto a divergência está cada vez mais instalada.  Segundo a OCDE,  o PIB per capita português caiu de 75%  da média de Eurozone em 2010 para 70% em 2013, e vai afastar-se ainda mais até 2015.    
E a divergência do PIB/capita processa-se sobretudo pela divergência do contributo persistentemente positivo ou negativo das contas externas liquidas,  (X-M) .  Um  país consistentemente exportador prospera, um país consistentemente importador empobrece.  Como os países membros da Eurozone  não podem desvalorizar, nem subir as tarifas alfandegárias, nem impor controlo de capitais, nem alterar as taxas de juro, não conseguem corrigir a falta de competitividade directamente.
Os artigos  mais vistos na Internet focam outros aspectos em que convergência pode falhar, seja a divergência de custos unitários do  trabalho  (relative unit labour costs), a divergência dos saldos da BTC, balança de transacções correntes, e discutem em que medida as correlações entre estas variáveis reflectem relações de causalidade. 
Uma primeira surpresa é que o  modesto artigo de blog de Dezembro 2011 aparece entre os artigos de topo na pesquisa, junto com artigos da EC e de economistas académicos.  . 
Mas a surpresa  mais importante é que os principais artigos apontam para conclusões e recomendações bem diferentes daquelas que se vêm nos títulos dos jornais cada vez que a Troika vem a Lisboa. 
O artigo  que aparece em primeiro lugar, e que portanto continua a dar o mote , é o da European  Economy   News , de April 2010,  afirmando que    a “Divergência das Balanças de Transacção Correntes não é necessariamente má numa união monetária”,   que crise pode trazer oportunidades e que sem a moeda única os choques do ajustamento externo podiam ser maiores. É preocupante ver estas ilusões inconsistentes com a realidade continuando a ser apresentadas por órgãos sociais. 
O artigo mais citado é dos economistas  Estrada, Gali e Lopez-Salido, de Novembro 2012 que apresenta resultados interessantes sobre a convergência ou divergência nas primeiras  décadas  da União Monetária: 
- Houve uma forte convergência  nas taxas de desemprego em toda a área do euro até à crise financeira de 2008
- Houve diferenciais de inflação persistentes, e consequentemente grandes variações acumuladas nos preços relativos , pelo menos até 2007.   . As correlações observadas sugerem que a evolução de indicadores de competitividade como os custos unitários de trabalho foi consequência do crescimento diferenciado do emprego até 2007, e que houve com bastante convergência na evolução de preços e de custos unitários de trabalho.
 - A grande dispersão dos saldos das Balanças de Transacções Correntes (CAB) entre os países da Eurozone  parece pouco correlacionada com indicadores quantitativos de competitividade, como os preços de produtos transaccionáveis e os custos unitários do trabalho, em termos relativos.  Os crescentes desequilíbrios externos parecem ter uma relação mais forte com outros  factores qualitativos  de competitividade, e não com indicadores quantitativos de preços  relativos
Surpreendidos ao não encontrar  grande relação entre os preços relativos dos bens transaccionáveis e a dispersão considerável das contas externas dos países da Eurozone, os autores procuraram outras variáveis que pudessem explicar os desequilíbrios externos existentes.   Testaram o Índice de Competitividade Global (GCI) publicado pela WEF, que avalia a competitividade  para além dos preços relativos reais, focando  elementos institucionais e aspectos qualitativos de “Doing Business”. 
O indicador  GCI é composto por doze  "pilares” e revelou ter um poder de previsão bastante maior ao demonstrar um relação fortemente positiva entre o  indicador de competitividade  CFI do país, e o saldo BTC (de transacções correntes), com um R2 de regressão em torno de 0,77 (tanto para 2007 e 2011). Um dos doze componentes é o tamanho do mercado doméstico.
Os quatro sub-indicadores (ou pilares) que mais se destacam em termos de seu poder explicativo do CAB ou saldo da conta corrente  são: 
(i)   Eficiência dos mercados as mercadorias
(ii)  Intensidade tecnológica, a capacidade dos empresários de adoptar as tecnologias existentes para melhorar a produtividade de suas indústrias
(iii)  Sofisticação empresarial, a qualidade das redes de negócios e indústrias de apoio do país
(iv)  Capacidade de inovação
Para restaurar  a competitividade dos países da periferia e reequilibrar o comércio intra-Eurozone é necessário ajustar os preços relativos dos países membros. Mas como  a Alemanha não tolera inflação  superior, o FMI e a Troika insistem  que Portugal a chamada “desvalorização interna” na forma de cortes de salários nominais.
Esta  redução  nominal e real de salários e  rendimentos, que torna a carga da dívida cada mais pesada num país sobre endividado.  Enquanto o FMI “lamenta a rigidez e falta de flexibilidade descendente nos salário portugueses, a desejada  desalavancagem fica cada vez mais fora do nosso alcance.  Com tanta dívida publica e privada, a redução de rendimentos alimenta directamente o crédito mal parado e aumenta o stress sobre a banca 

De facto os preços relativos poderiam ser ajustados com aumentos de salários e preços na Alemanha e nos outros países credores.   Em  2012, o relatório do FMI sobre a Alemanha   falava de aumentos de salários como uma parte natural do “rebalancing” entre credores e devedores,  mas isso foi com pouca convicção e menos efeito.  

A análise de Estrada, Gali et al sugere que a  mal-fadada “desvalorização interna”  unilateral num  país deficitário pode ter um impacto bastante limitado na redução dos desequilíbrios externos,  a menos que seja acompanhada de reformas estruturais qualitativas.   
E a experiência de Portugal e dos outros países devedores sugere que os salários locais são muito menos rígidos do que as receitas da Troika continuam ignorar os economistas e não tomam em consideração o colete de forças que restringe as potenciais medidas de ajustamento.    
Entretanto, Paul Krugman diz que já estamos em no LOWFLATION TRAP no artigo de hoje. 
Faz recordar a história do burro e do avarento.
Mariana ABRANTES de Sousa
PPP Lusofonia 

Ángel Estrada, ,Jordi Galí, David López-Salido  2012,  "Patterns of Convergence and Divergence in the Euro Area"  https://www.imf.org/external/np/res/seminars/2012/arc/pdf/ELS.pdf
Limits of Divergence 2  http://ppplusofonia.blogspot.pt/2011/12/limits-of-divergence-2.html
Testing the Limits of Divergence 3  http://ppplusofonia.blogspot.pt/2012/07/eurozone-tests-limits-of-divergence-2.html  
GCI - WEF http://www.weforum.org/reports/global-competitiveness-report-2013-2014 

5 comentários:

  1. "FMI - problemas persistentes na estrutura e no funcionamento dos mercados reduzem a flexibilidade da economia na resposta a choques adversos"

    Os mercados portugueses são mais flexiveis do as receitas da Troika

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  2. Diz Krugman:
    Defensores da baixa inflação dizem que deflação não é um problema, porque ele está concentrada em países devedores em processo de ajustamento.
    Errado!
    Inflação baixa é um problema muito maior do que parece precisamente porque está concentrada em países devedores e, portanto, impõe uma carga real maior sobre os devedores do que as médias indicam

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  3. Inflation Targets Reconsidered

    https://webspace.princeton.edu/users/pkrugman/pksintra.pdf

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  4. A rigidez salarial seria bem-vinda em Portugal.

    A realidade é que as remunerações reais disponível têm caido para todos, os funcionários públicos, os pensionistas, os 15% desempregados e para muitos do sector privado em forte reestruturação.

    As regras do mercado único e da moeda única são mais rigidas do que qualquer contrato de trabalho em Portugal.
    Sem inflação, o custo do ajustamento dos preços e salários relativos cai de forma assimétrica nos países devedores mais fracos.
    Basta ver o impacto no crédito mal parado.

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  5. Ouvir dizer que desvalorizações eram batota é escutoar inocentes na selva financeira.

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